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Gestão de Risco: O que é, como funciona e como fazer?
27 de agosto de 2024Tempo de leitura: 12 minCategoria: Finanças
Nenhum negócio está imune de passar por situações negativas que ameacem a sua sobrevivência, e a gestão de riscoserve justamente para que a empresa esteja preparada para quando isso eventualmente acontecer. Esse modelo de gestão é muito importante para a tomada de decisão de todas as áreas; também é especialmente relevante na financeira.
Mitigar riscos faz parte dos processos de compliance e governança corporativa, e deve ser uma das maiores prioridades na administração da companhia.
No nosso artigo de hoje, vamos abordar os diferentes tipos de gestão de risco, como ela funciona, como fazer e tudo que você precisa saber sobre o assunto. Vamos lá!
O que é a Gestão de Risco?
A gestão de risco é um processo regular que consiste na identificação, análise, avaliação e tratamento de riscos que podem prejudicar a empresa. Estes riscos podem ser desde decisões erradas tomadas internamente, até falhas de logística, acidentes, imprecisões financeiras e processos jurídicos.
Por isso, é muito importante que seja feito um planejamento em conjunto com recursos humanos que contenha atividades que minimizem e previnam esses riscos. Isso também inclui saber como agir e reagir quando o risco pega o time de surpresa.
Quais são os tipos de riscos?
O IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) tem uma classificação de risco que consiste em três categorias:
Risco Econômico
São classificados como riscos econômicos aqueles que atingem diretamente o fluxo de caixa da empresa, ameaçando o seu patrimônio e sua sustentabilidade financeira.
A inadimplência é um grande exemplo de situação que representa o risco econômico. Clientes endividados acabam “cortando” o capital de giro de uma empresa, tendo em vista que ela fica sem sua fonte de renda principal. É difícil ter um negócio lucrativo quando não se está recebendo o dinheiro, outrora recorrente, dos clientes.
Os riscos operacionais estão relacionados a falhas de processo que ocorrem na rotina da empresa. Recebem essa classificação algumas ameaças como falha na produção, erro de logística, problemas com fornecedores, falta de estoque, falhas em sistemas, entre outros.
Estes riscos geralmente acabam gerando retrabalho e prejudicam o andamento de projetos, sem contar naqueles que podem até mesmo acarretar em problemas financeiros e legais.
Risco Legal
Nesta categoria, estão incluídas ameaças que podem acarretar no ajuizamento de ações e afetar a reputação da empresa perante à justiça. Elas geralmente estão ligadas ao descumprimento de leis e regulamentações.
Isso abrange condutas que podem levar a possíveis processos trabalhistas, ambientais e de outras naturezas.
Para mitigar riscos legais, contar com um time jurídico e estratégias relacionadas à compliance pode ser o cenário ideal.
Além das 3 classificações do IBGC, também podemos ter…
Riscos estratégicos, que se referem a capacidade da empresa de se adaptar a novos tempos, tecnologias, concorrência e instabilidade política;
Riscos naturais, que se referem a desastres imprevisíveis, como terremotos, tsunamis, inundações, incêndios e pandemias, os quais podem fazer com que a empresa tenha que interromper suas operações por tempo indeterminado;
A ISO 31000 e sua relação com a gestão de risco
Você já ouviu falar na ISO 31000? Ela é uma norma internacional que fornece diretrizes para a gestão de riscos em qualquer tipo de instituição. Nela, são definidos os princípios da gestão de risco, a estrutura, seus processos, entre outros.
A ISO 31000 age como uma “bússola” para empresas que talvez não saibam por onde começar para mitigar riscos. Ela dá os direcionamentos para que todas as organizações possam agir eticamente de maneira eficaz, bem como, tenham sucesso em sua jornada.
Além de ter essa função de ajudar corporações que ainda não têm estratégias de prevenção de riscos, ela também contém insights valiosos para quem já tem uma estrutura definida.
Entre as principais características da ISO 31000, estão:
Estrutura adaptável: Pode ser aplicada a diversos contextos organizacionais e setoriais, independentemente do tamanho ou tipo da organização.
Abordagem sistemática: Propõe uma abordagem estruturada para identificar, avaliar, tratar, monitorar e comunicar riscos.
Integração: Reforça a importância de integrar a gestão de riscos em todos os processos organizacionais, desde a tomada de decisão até a execução.
Ciclo contínuo: Promove a gestão de riscos como um processo contínuo, interativo e dinâmico, sensível a mudanças internas e externas.
Participação de partes interessadas: Incentiva a inclusão e a consulta a todas as partes interessadas na identificação e avaliação dos riscos.
Melhoria contínua: Estimula a revisão constante dos processos de gestão de riscos para aperfeiçoamento contínuo.
Baseada em princípios: Enfatiza que a gestão de riscos deve ser customizada, inclusiva, dinâmica e baseada em melhor informação disponível.
1. Princípios da Gestão de Riscos – ISO 31000, Seção 4
A Seção 4 da ISO 31000 estabelece os princípios fundamentais que orientam a gestão de riscos dentro de uma organização. Estes princípios fornecem a base para uma gestão de riscos eficaz, destacando que ela deve ser personalizada para se alinhar ao contexto específico de cada organização. A gestão de riscos deve criar e proteger valor, contribuindo diretamente para a melhoria da performance organizacional. Ela precisa ser uma parte integrante dos processos de governança e tomada de decisão, e não um processo isolado. Entre outros princípios-chave, estão:
Abordagem contínua;
Inclusão;
Levar em conta as melhores informações disponíveis;
Adaptabilidade às mudanças.
2. Estrutura da Gestão de Riscos – ISO 31000, Seção 5
A Seção 5 da ISO 31000 aborda a criação de uma estrutura sólida para a gestão de riscos, que deve ser integrada às estruturas de governança e processos organizacionais. Essa estrutura oferece uma abordagem coesa para estabelecer, implementar e manter a gestão de riscos em todos os níveis da organização. A estrutura de gestão de riscos precisa:
Ser proporcional à complexidade e ao ambiente da organização;
Incluir o compromisso da alta direção;
Definir políticas, planos e responsabilidades claras;
Alocar os recursos necessários.
Essa seção também enfatiza a necessidade de revisar e adaptar a estrutura de gestão de riscos com frequência. O sucesso da gestão de riscos depende de sua capacidade de permanecer relevante e eficaz, mesmo quando o contexto organizacional muda. Desta forma, é fundamental o monitoramento constante e a adaptação dos processos, práticas e estruturas de suporte. Uma estrutura bem definida promove a coesão e a consistência na maneira como os riscos são tratados, permitindo que a gestão de riscos esteja alinhada com os objetivos estratégicos da organização.
3. Processo de Gestão de Riscos – ISO 31000, Seção 6
A Seção 6 da ISO 31000 detalha o processo de gestão de riscos, que envolve uma série de etapas inter-relacionadas para identificar, avaliar, tratar e monitorar riscos. O processo começa em alguns passos, como:
Estabelecimento do contexto, onde a organização define o ambiente interno e externo em que opera, seus objetivos, e os fatores que influenciam os riscos.
Identificação dos riscos
Avaliação dos riscos, com base em suas consequências e probabilidades.
Esses passos permitem que as organizações priorizem os riscos e tomem decisões sobre como gerenciá-los.
Após a avaliação dos riscos, entra em ação o tratamento de riscos, que envolve a escolha de estratégias para mitigar, transferir, aceitar ou evitar os riscos, conforme necessário.
Outros pontos importantes a se levar nesse processo, são:
Comunicação e consulta contínua com as partes interessadas em todas as fases do processo de gestão de risco;
Monitoramento e revisão, fundamentais para garantir que o tratamento dos riscos continue eficaz e que novos riscos sejam identificados à medida que o contexto organizacional evolui.
O processo de gestão de riscos, consequentemnete, é dinâmico e cíclico, desta forma exige uma abordagem sistemática e adaptativa para garantir a eficácia contínua.
Como fazer uma gestão de risco eficaz
Para uma gestão de risco eficaz, é importante seguir um processo estruturado e adaptável ao contexto da organização. Aqui estão exemplos aplicáveis de uma gestão de risco eficaz que qualquer empresa, independentemente do setor ou porte, deveria seguir:
1. Segurança de Dados e Cibersegurança
Risco: Vazamento de informações sensíveis ou ataques cibernéticos.
Medida Preventiva: Implementar políticas rigorosas de segurança da informação, incluindo criptografia de dados, autenticação de dois fatores e backup regular dos dados. Treinar os funcionários sobre boas práticas de cibersegurança, como o reconhecimento de phishing.
Tratamento: Adquirir seguro contra ciberataques e desenvolver um plano de resposta a incidentes que inclua passos claros para contenção e recuperação.
2. Conformidade Regulatória
Risco: Não conformidade com regulamentações legais, resultando em multas ou sanções.
Medida Preventiva: Manter uma equipe dedicada à conformidade ou contratar consultores especializados para monitorar mudanças regulatórias. Automatizar a verificação de conformidade em sistemas contábeis e operacionais.
Tratamento: Estabelecer auditorias periódicas para identificar e corrigir falhas de conformidade antes que se tornem um problema.
3. Continuidade dos Negócios
Risco: Interrupção das operações devido a desastres naturais, falhas técnicas ou crises inesperadas.
Medida Preventiva: Desenvolver um Plano de Continuidade dos Negócios (BCP) que inclua contingências para manter operações mínimas em caso de desastre. Isso pode incluir locais alternativos de trabalho, sistemas de redundância e comunicação de emergência.
Tratamento: Realizar simulações periódicas para testar a eficácia do plano e treinar os funcionários sobre seus papéis em caso de emergência.
4. Gestão Financeira e Fluxo de Caixa
Risco: Problemas de fluxo de caixa que afetam a liquidez da empresa.
Medida Preventiva: Manter uma reserva financeira suficiente e adotar práticas de controle de gastos rigorosas. Realizar previsões de fluxo de caixa regulares e utilizar ferramentas de monitoramento financeiro para detectar anomalias.
Tratamento: Estabelecer linhas de crédito com instituições financeiras e diversificar fontes de receita para reduzir a dependência de um único fluxo de caixa.
5. Gestão de Fornecedores
Risco: Falhas ou atrasos de fornecedores críticos que podem afetar a cadeia de suprimentos.
Medida Preventiva: Estabelecer contratos claros com fornecedores que incluam cláusulas sobre desempenho e prazos. Manter relacionamentos com fornecedores alternativos para minimizar dependências críticas.
Tratamento: Criar um plano de contingência que inclua fornecedores de backup e monitoramento contínuo do desempenho dos fornecedores atuais.
6. Reputação e Imagem Corporativa
Risco: Danos à reputação devido a crises de imagem, comportamento inadequado de colaboradores ou problemas com produtos/serviços.
Medida Preventiva: Implementar uma política clara de ética corporativa e conduta profissional. Monitorar a satisfação do cliente e gerenciar ativamente a presença online da empresa. Estabelecer um código de conduta que guie as ações de todos os funcionários.
Tratamento: Desenvolver um plano de gerenciamento de crises que inclua estratégias de comunicação e resposta rápida para mitigar danos à imagem.
7. Saúde e Segurança no Trabalho
Risco: Acidentes de trabalho que resultem em lesões, perda de produtividade ou processos legais.
Medida Preventiva: Implementar programas de treinamento de segurança regular para todos os funcionários e assegurar que todos os ambientes de trabalho sigam as normas de segurança. Monitorar o cumprimento das práticas de saúde e segurança.
Tratamento: Ter um plano de resposta a emergências que inclui primeiros socorros, evacuações e comunicação com as autoridades de saúde e segurança.
8. Rotatividade de Funcionários-Chave
Risco: Perda de funcionários críticos, resultando em perda de conhecimento e continuidade operacional.
Medida Preventiva: Desenvolver programas de retenção de talentos e planos de sucessão para posições-chave. Incentivar a transferência de conhecimento por meio de documentações, treinamentos cruzados e mentorias.
Tratamento: Manter um banco de talentos atualizado e pronto para preencher rapidamente posições críticas, caso necessário.
9. Inovações Tecnológicas
Risco: Ficar para trás em relação à concorrência devido à falta de inovação tecnológica.
Medida Preventiva: Investir regularmente em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e em novas tecnologias que possam trazer vantagens competitivas. Monitorar tendências tecnológicas relevantes para o setor da empresa.
Tratamento: Estabelecer parcerias com startups ou empresas de tecnologia para impulsionar a inovação e garantir a capacidade de adaptação.
10. Relacionamento com Clientes
Risco: Perda de clientes devido à má gestão de relacionamento ou atendimento inadequado.
Medida Preventiva: Implementar sistemas de gestão de relacionamento com o cliente (CRM) para monitorar e melhorar a experiência do cliente. Estabelecer processos de feedback regulares e resolver reclamações de forma rápida e eficaz.
Tratamento: Criar programas de fidelização de clientes e monitorar os índices de satisfação regularmente, ajustando os serviços conforme necessário.
Esses exemplos são estratégias universais que podem ser adaptadas para atender as necessidades e os riscos específicos de qualquer empresa. A recomendação é que o seu negócio adote uma abordagem proativa e personalizada para cada risco identificado.
Conclusão
A gestão de risco é essencial para a sobrevivência e o crescimento sustentável de qualquer empresa. Ao identificar, avaliar e tratar riscos de maneira proativa, as organizações podem se proteger contra ameaças que vão desde problemas financeiros até questões operacionais e legais. A adoção de medidas preventivas, juntamente com a criação de planos de contingência e a adaptação contínua às mudanças, é fundamental para mitigar riscos. Utilizando diretrizes, como as fornecidas pela ISO 31000, as empresas podem estabelecer uma estrutura de gestão de risco eficaz e integrada a todos os processos organizacionais, garantindo maior resiliência e capacidade de resposta diante de imprevistos.
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