De acordo com dados do Serasa, logo no primeiro mês de 2025 foram registrados mais de 160 pedidos de recuperação judicial no Brasil. Quase 80% dos pedidos feitos foram de micro e pequenas empresas. E este é um movimento que vem crescendo significativamente nos últimos anos, com empresas de diversos setores enfrentando desafios financeiros que podem comprometer sua operação e colocá-las à beira da falência.
Mas, afinal, quando uma empresa deve recorrer à recuperação judicial e como uma recuperação de crédito empresarial eficiente pode ser uma ferramenta fundamental nesse processo? Neste artigo, vamos explorar esses aspectos e entender como uma empresa pode reestruturar suas dívidas para retomar o crescimento.
O que é recuperação judicial e quando recorrer a ela?
A recuperação judicial é um processo legal previsto na Lei 11.101/2005 que permite que empresas em dificuldade financeira reorganizem suas dívidas e garantam sua continuidade operacional. Diferente da falência, que encerra as atividades da empresa, a recuperação judicial busca viabilizar um plano de reestruturação para que a empresa volte a ser lucrativa.
A decisão de solicitar a recuperação judicial deve ser bem avaliada. Algumas situações que indicam que essa pode ser a melhor alternativa incluem dificuldade em pagar dívidas, quando a empresa não consegue mais honrar seus compromissos financeiros com fornecedores, bancos e outros credores.
A Bombril, por exemplo, entrou com pedido de recuperação judicial em fevereiro de 2025, devido a um passivo tributário de cerca de R$ 2,3 bilhões. A empresa alegou que o pedido visa reestruturar sua dívida e garantir a continuidade de suas atividades.
Outro indicativo é a pressão dos credores, quando há cobranças excessivas, bloqueios judiciais ou risco de execução de bens essenciais para a operação. Além disso, a empresa pode apresentar fluxo de caixa insuficiente, quando o faturamento não é suficiente para cobrir custos operacionais e dívidas acumuladas.
Se o risco de falência iminente é real e a empresa está próxima de fechar as portas, a recuperação judicial pode ser a última tentativa de reestruturação. Outro fator relevante é o interesse em preservar empregos e operações, pois a recuperação judicial tem como objetivo manter a empresa funcionando e evitar demissões em massa.
Etapas do processo de recuperação judicial
O processo de recuperação judicial segue algumas etapas fundamentais. Primeiro, a empresa deve ingressar com um pedido na Justiça, apresentando documentos que comprovem sua situação financeira e um plano detalhado de recuperação. Caso o pedido seja aceito, a Justiça concede um prazo de 180 dias durante os quais as cobranças e execuções ficam suspensas, permitindo que a empresa negocie com seus credores.
Durante esse período, a empresa elabora um plano de recuperação, detalhando as novas condições de pagamento das dívidas, que inclui um planejamento de parcelamentos e prazos de pagamento, além de estratégias para a recuperação de crédito empresarial, onde será feita a cobrança de clientes inadimplentes.
Esse plano é submetido à análise e votação dos credores em uma assembleia. Se aprovado, a empresa inicia sua implementação e deve cumprir os pagamentos conforme o estabelecido. O sucesso da recuperação judicial depende do cumprimento dessas obrigações dentro do prazo estipulado, garantindo que a empresa possa retomar sua estabilidade financeira e seguir operando no mercado.
O papel da recuperação de crédito empresarial
A recuperação de crédito empresarial desempenha um papel essencial no equilíbrio financeiro das empresas em processo de recuperação judicial. E uma das principais estratégias para melhorar o fluxo de caixa e garantir recursos para honrar compromissos é a cobrança eficiente de clientes inadimplentes.
Empresas que enfrentam dificuldades financeiras devem intensificar esforços para recuperar valores devidos, adotando políticas de cobrança mais assertivas e negociando condições para que clientes em atraso regularizem suas pendências. A implementação de um sistema estruturado de cobrança, com notificações periódicas e acordos personalizados, pode contribuir significativamente para aumentar a recuperação de crédito empresarial.
Além disso, terceirizar a cobrança para empresas especializadas pode ser uma alternativa viável para otimizar os resultados. Recuperar créditos de clientes permite que a empresa tenha maior previsibilidade financeira, reduza sua dependência de novos empréstimos e estabilize suas operações durante o período de reestruturação.
Benefícios da recuperação judicial
A recuperação judicial pode trazer diversos benefícios, tanto com a suspensão das cobranças por 180 dias, permitindo um respiro financeiro e tempo para reorganizar as finanças, como também possibilita a renegociação de dívidas de forma mais favorável, garantindo melhores condições para pagamento.
Outro ponto positivo é a continuidade das operações e a manutenção de empregos, evitando um impacto social negativo. Além disso, é uma oportunidade de recuperação da credibilidade e retomada do crescimento, permitindo que a empresa volte a operar de forma sustentável e competitiva no mercado.
Conclusão
A recuperação judicial é uma ferramenta poderosa para empresas que enfrentam dificuldades financeiras, mas ainda possuem potencial de recuperação. No entanto, o sucesso desse processo depende de uma estratégia bem estruturada, incluindo a recuperação de crédito empresarial. Empresas que buscam esse caminho devem agir rapidamente, contar com profissionais especializados e adotar medidas eficazes para restabelecer sua saúde financeira. Se bem conduzida, a recuperação judicial pode ser o primeiro passo para um futuro sólido e rentável.