Nos últimos meses, os mercados financeiros passaram por constantes momentos de turbulências e muitos ficaram na baixa. Para a bolsa brasileira, houve até a necessidade de utilizar o recurso do circuit breaker para que as negociações dessem uma respirada.
De fato, os acontecimentos recentes, como a pandemia de coronavírus e a nova crise do petróleo ocasionada pela Rússia e a Arábia Saudita, têm refletido na economia mundial. Dessa forma, é difícil determinar quais serão os próximos cenários e se haverá uma recuperação rápida desse momento.
Para explicar o que é esse recurso e o que aconteceu nos últimos meses. Neste texto, você vai encontrar o que significa circuit breaker e o que está por trás dessas quedas constantes no mercado. Confira!
O que é o circuit breaker?
Com o objetivo de proteger os mercados quando há grandes instabilidades na economia, o circuit breaker é uma ferramenta utilizada pela bolsa de valores em que as operações são interrompidas por um determinado tempo. A ideia é enfraquecer e equilibrar o volume das ordens de compra e venda dos investidores e impedir maior volatilidade do mercado.
Um fato curioso é que, no Brasil, a última vez que o circuit breaker foi acionado foi em 2017, quando aconteceram as denúncias contra o ex-presidente Michel Temer. Esse dia, inclusive, é conhecido como Joesley Day.
Quais as regras do circuit breaker?
Esse recurso é utilizado por diferentes países e, no Brasil, propriamente, se a queda da bolsa atinge 10% em um dia, as negociações são suspensas por meia hora. Depois que esse momento passa, as operações voltam ao normal. Entretanto, se houver outra queda e ela for de 15%, um novo circuit breaker é acionado, desta vez por uma hora.
Caso a bolsa volte a cair mais 20%, há outra interrupção e as operações param sem tempo definido. Na hipótese de haver uma grande instabilidade a meia hora do fechamento do pregão, o circuit breaker geralmente não é acionado. Contudo, se isso ocorrer, ao retornar às negociações, o horário é estendido mais 30 minutos.
Circuit breaker 2020: petróleo, dólar e coronavírus. Podem piorar?
Durante o ano passado, tivemos dias bastante positivos para a bolsa de valores. No Brasil, o volume de negociações chegou a aumentar 30% na Ibovespa. Contudo, nos últimos meses, o que acompanhamos foi uma queda brusca de 42%, fazendo a bolsa voltar ao patamar de 2008. Mas podemos dizer que dois dias foram decisivos para as negociações, períodos em que a bolsa sofreu uma sucessão de circuit breakers:
- dia 16 de março de 2020, logo na abertura, a Ibovespa teve que ser interrompida com uma queda de 13,92%;
- dia 18 de março de 2020, a bolsa caiu mais 10,26%.
A baixa de juros
Claro que situações desse tipo não acontecem sem motivo, é importante entender que muitos dos fatos externos ao mercado acabam afetando a economia. Neste caso, o surgimento e aumento do coronavírus tem causado um ar de incerteza perante as movimentações econômicas. Junto a isso, tem o fato de que uma das formas de prevenção ao vírus é as pessoas não poderem sair de suas casas, prejudicando comércios e empresas.
Em meio a esse cenário, o banco central americano, FED (Federal Reserve), anunciou medidas para tentar conter a queda da economia. Houve uma redução da taxa de juros, que ficou entre 0% a 0,25%, sendo o segundo corte em quase duas semanas.
Além disso, o banco ainda anunciou a compra de US$ 500 bilhões de títulos públicos e US$ 200 bilhões em certificados hipotecários. Isso não foi bem lido pelo mercado, que ficou ainda mais instável por não saber quais serão os impactos reais da pandemia.
Outras potências, como a China e a Europa, também tiveram problemas com seus mercados. No primeiro, a produção do país caiu 13,5% já nos primeiros meses de 2020. Sendo a primeira vez em 30 anos que a indústria chinesa recua desse jeito. É bom lembrar que a China foi o primeiro país a apresentar casos do coronavírus.
Já na Europa, os índices de ações sofreram fortes quedas, chegando ao patamar de 2012. Os países mais atingidos são Itália, França e Espanha, justamente os locais com mais mortes pela pandemia.
A disputa do petróleo
Para deixar o cenário econômico ainda mais tenso, em paralelo ao coronavírus, há uma questão geopolítica entre duas potências do petróleo: Arábia Saudita e Rússia. A disputa pelos preços do petróleo acabou gerando uma queda de 30% no preço do barril, uma situação que não acontecia desde 1990.
É necessário voltar alguns meses, na reunião da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) que acontece no começo de março. Os dois países entraram em um impasse, pois a Arábia Saudita, que é líder da organização, sugeriu uma diminuição na produção para equilibrar a demanda e a oferta devido às consequências do coronavírus. Entretanto, a Rússia não quis recuar no nível de produção.
Para contestação, a Arábia Saudita resolveu cortar o valor da venda de seus barris, causando um desequilíbrio na média de preços do petróleo mundial e dando fim as relações comerciais amigáveis com a Rússia.
É bom saber que os países são parceiros em relação ao comércio do combustível desde 2016, e que, graças a essa parceria, foi possível tornar os preços dessa mercadoria mais equilibrada. As consequências para o mercado, de maneira geral, foi a queda dos preços do barril e a baixa nas ações de empresas produtoras de petróleo do mundo todo.
Ao longo deste texto, mostramos para você o que é circuit breaker e como essa estratégia é utilizada pela bolsa de valores para tentar conter momentos de muita instabilidade no volume de transações. Nos últimos meses, o Brasil passou por uma série de circuits que refletiram em como a economia não está nos seus melhores momentos.
É bom reforçar que essa situação não acontece por acaso, o impasse no petróleo e o avanço do coronavírus são responsáveis por esses momentos de queda no mercado. O que também indica que ainda levará um certo tempo para voltarmos ao patamar anterior, sendo preciso esperar a diminuição mundial dos casos de coronavírus.
Gostou do nosso texto sobre circuit breaker? Quer continuar recebendo conteúdos como esse? Então, assine a nossa newsletter!