O Brasil ultrapassou a marca de 8 milhões de empresas negativadas, segundo levantamento da Serasa Experian. O dado chama atenção não apenas pelo tamanho do número, mas também pelo impacto que ele revela sobre a economia nacional. Negativação significa que a empresa possui dívidas em aberto, não quitadas no prazo, o que compromete desde a obtenção de crédito até a relação com fornecedores e clientes.
Nos últimos anos, o cenário vem se agravando. Em comparação com o mesmo período de 2024, houve um crescimento de 16% no número de CNPJs negativados. Isso demonstra que as dificuldades financeiras não se limitam a momentos isolados, mas fazem parte de uma realidade estrutural que desafia especialmente pequenos e médios negócios.
Pequenas empresas no centro da crise
Do total de empresas negativadas, mais de 7,6 milhões são micro, pequenas e médias. Esse dado reforça a vulnerabilidade desse perfil de negócio, que normalmente depende de crédito para manter o giro de caixa e tem menos margem para absorver oscilações do mercado.
Outro número que impressiona é o valor médio das dívidas: R$ 3.302,30 por título, com uma média de 7,3 dívidas por empresa. Ao somar todas as pendências, a conta chega a aproximadamente R$ 193,40 bilhões, sendo R$ 174 bilhões apenas de pequenos e médios negócios. Esse montante reflete um risco significativo não só para os empreendedores, mas também para toda a cadeia econômica.
LEIA TAMBÉM – Tecnologia na gestão financeira é a nova aposta das PMEs
Setores mais impactados
A Serasa aponta que o setor de Serviços concentra 54,1% das empresas negativadas, seguido pelo Comércio, com 33,7%. A Indústria aparece em terceiro lugar, com 8%. Outros segmentos, como instituições financeiras e o setor primário, somam juntos pouco mais de 4% do total.
Esse recorte evidencia que os setores mais dependentes de fluxo constante de caixa, serviços e comércio, são também os que mais sofrem com a inadimplência. Empresas que vendem a prazo, contratam mão de obra intensiva ou lidam com grande volume de fornecedores encontram mais dificuldade em equilibrar as contas quando a receita diminui.
O que está por trás da negativação
O crescimento no número de empresas negativadas não acontece por acaso. Entre os principais fatores estão:
- juros elevados, que encarecem o crédito e dificultam a renegociação de dívidas;
- concessão mais restrita de financiamentos, especialmente para quem já apresenta risco elevado;
- desaceleração econômica, que reduz a demanda e afeta diretamente a capacidade de pagamento.
Somados, esses elementos criam um ambiente desafiador para os negócios, em que mesmo empresas sólidas acabam pressionadas a atrasar compromissos financeiros.
Consequências para as empresas negativadas
Estar negativado pode trazer consequências que vão além da restrição de crédito. Muitas empresas enfrentam dificuldades para fechar contratos, participar de licitações e manter fornecedores estratégicos. Além disso, a imagem perante clientes e investidores é afetada, reduzindo a confiança e ampliando os riscos de insolvência.
Para os empreendedores, a negativação não é apenas um problema contábil, mas um obstáculo que pode limitar o crescimento e até colocar em risco a sobrevivência do negócio.
Caminhos para a recuperação
Apesar do cenário preocupante, existem alternativas. A renegociação de dívidas continua sendo a principal estratégia para empresas que buscam recuperar a saúde financeira. Além disso, uma gestão mais eficiente do fluxo de caixa e a redução de custos sem comprometer a operação são medidas fundamentais.
Outro ponto relevante é o apoio de consultorias financeiras e instituições de fomento, como o Sebrae, que oferecem orientações e programas específicos para ajudar pequenos e médios empresários a reorganizarem suas finanças.
Além disso, aqui na Global atuamos como parceira estratégica na recuperação de crédito das empresas, oferecendo condições facilitadas de negociação e respeitando a realidade de cada devedor. Esse modelo busca equilibrar as necessidades de quem cobra com as possibilidades de quem precisa pagar, aumentando as chances de regularização e contribuindo para a retomada da saúde financeira.
Um alerta para o futuro
O avanço das empresas negativadas deve servir de alerta para gestores, investidores e para a própria política econômica do país. Mais do que números, os 8 milhões de CNPJs negativados representam empregos, renda e serviços em risco.
Superar esse cenário exigirá resiliência por parte das empresas e um ambiente mais favorável para os negócios. Sem isso, a tendência é que a inadimplência continue crescendo e impactando toda a economia.