Na recuperação de crédito, o tempo é um fator determinante. A cada dia que passa após o vencimento, as chances de recebimento diminuem significativamente. É por isso que entender e monitorar a faixa de atraso, o número de dias que um pagamento está em aberto após o vencimento, é essencial para uma gestão eficaz da inadimplência.
Neste artigo, vamos mostrar por que cobrar cedo é uma das estratégias mais eficientes para recuperar crédito. Além disso, apresentar boas práticas e ferramentas para otimizar suas ações em cada etapa do processo.
O que é faixa de atraso?
A faixa de atraso é um indicador de cobrança que classifica os débitos de acordo com o tempo em que permanecem em aberto após o vencimento. As ações para cada período dependem da estratégia de cada empresa, mas, considerando dados gerais de mercado, as principais faixas de atraso são:
0 a 30 dias: cobrança preventiva ou recém-vencida
31 a 60 dias: início da cobrança efetiva
61 a 90 dias: risco elevado
91 a 180 dias: dívidas críticas
Acima de 180 dias: crédito altamente comprometido
Cada uma dessas faixas exige abordagens diferentes e oferece margens de recuperação distintas. A atuação eficiente dentro dessas janelas é o que determina o sucesso ou o fracasso da operação de cobrança.
O que dizem os dados do IGR?
O IGR (Índice Global de Recuperação de Crédito B2B), estudo desenvolvido aqui na Global com base em milhares de operações de cobrança realizadas no Brasil, confirma a relação direta entre faixa de atraso e taxa de recuperação:
Dívidas cobradas na faixa de 0 a 30 dias têm, de acordo com a média nacional, cerca de 80% de chance de recuperação.
Já na faixa de 31 a 60 dias, a taxa cai para 50%. Entre 61 e 90 dias cai novamente, indo para 37%. Após os 180 dias de atraso, a taxa média de recuperação fica abaixo de 12%.
Agora, o que surpreende, é a recuperação logo após o vencimento. Considerando uma faixa de atraso de 0 a 10 dias, a taxa de recuperação ultrapassa os 90%, de acordo com o IGR.
Esses dados escancaram uma realidade que muitos gestores ainda negligenciam: a chance de recuperar cai drasticamente a cada nova faixa de atraso.
Por que cobrar cedo é mais eficiente?
Além das altas taxas de recuperação nas faixas iniciais, atuar cedo traz uma série de vantagens estratégicas e operacionais. Veja alguns benefícios:
- Preservação do relacionamento
Nas primeiras faixas de atraso, a cobrança pode ser feita de maneira mais leve, consultiva e preventiva, sem desgastar a relação com o cliente. Isso é essencial em relações B2B de longo prazo.
- Menor custo operacional
Cobranças realizadas cedo tendem a demandar menos recursos (como ligações, renegociações, descontos ou envolvimento jurídico), tornando o processo mais barato e rentável.
- Redução de perdas contábeis
Quanto mais tempo uma dívida permanece ativa, maior a probabilidade de ela ser considerada como perda. Por isso, atuar rápido evita a necessidade de provisões para devedores duvidosos (PDD) e melhora o resultado financeiro.
Como estruturar a estratégia por faixa de atraso
Uma gestão eficiente de inadimplência precisa ser estruturada com base em dados e faixas de atraso bem definidas. Veja um exemplo de organização da régua de cobrança:
Até a data do vencimento: cobrança preventiva com lembrete de vencimento
- envio de lembretes pré-vencimento;
- automação de notificações por e-mail, SMS e WhatsApp;
- opção de solicitar o boleto ou link de pagamento.
0 a 10 dias: cobrança preventiva com aviso de cobrança em atraso
- envio de notificação de atraso;
- automação de notificações por e-mail, SMS e WhatsApp;
- envio do boleto ou link de pagamento.
11 a 20 dias: envio para a assessoria de cobrança
- abordagens de impacto leve;
- oferta de regularização simples, sem encargos;
- avaliação de perfil do cliente para personalizar a abordagem.
21 a 30 dias: envio para negativação no Serasa
- negativação da base inadimplente no Serasa;
- abordagem mais firme, com notificação formal;
- avaliação do histórico para possível segmentação de risco.
Acima de 90 dias: envio para jurídico
- análise de viabilidade para cobrança jurídica;
- ação judicial conforme resultado da análise e política adotada.
A recuperação baseada em faixa de atraso se torna ainda mais eficiente quando combinada com ferramentas tecnológicas. Sistemas com dashboards atualizados em tempo real, como CRM especializado para cobrança, soluções de automação e scoring de risco permitem ações personalizadas e ágeis.
Além disso, o próprio IGR pode ser usado como um termômetro para tomada de decisão: empresas que monitoram seus indicadores com base em dados de mercado têm mais previsibilidade e conseguem agir antes que a inadimplência se torne irreversível.
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Métricas importantes por faixa de atraso
Para acompanhar a eficiência da operação de cobrança, é essencial medir métricas como taxa de recuperação por faixa, tempo médio de regularização, custo por recuperação e taxa de reentrada na inadimplência, por exemplo;
Essas métricas permitem identificar gargalos e melhorar continuamente os processos, priorizando ações nas faixas mais estratégicas.
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Cobrar cedo é estratégia, não urgência
A faixa de atraso é mais do que um indicador temporal, ela representa o potencial de recuperação de uma dívida e deve ser tratada como um sinal de alerta estratégico. Os dados do IGR mostram que a probabilidade de sucesso na cobrança diminui drasticamente à medida que o tempo passa. Ou seja, cada nova faixa de atraso representa uma perda concreta de eficiência, receita e oportunidade.
Empresas que entendem essa dinâmica e agem cedo conseguem não apenas recuperar mais, mas também preservar relacionamentos comerciais, reduzir custos e manter a saúde financeira do negócio.
Por isso, estruturar sua operação de cobrança com base nas faixas de atraso, e com o suporte de dados e tecnologia, é uma forma inteligente de garantir resultados consistentes e sustentáveis.
Em cobrança, o tempo custa caro. Quanto antes você agir, maiores serão suas chances de recuperar, negociar e crescer.
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